terça-feira, 22 de março de 2016

A dor da espera (relato de parto da Mônika)

Dessa vez, quem nos presenteou com seu intenso relato de parto foi a Mônika.
A Mônika e seu marido Daniel, participaram do Grupo de Preparação para o Parto do Flore Ser no comecinho da gestação, o que contribuiu bastante para suas escolhas relacionadas ao parto, com bastante tempo para se prepararem e escolherem seu caminho. 
Bem no finalzinho da gestação, eles também participaram do Grupo de Preparação para o Pós-Parto. Quem sabe logo mais ela consiga escrever outro relato, sobre seu pós-parto também, hein?!
Segue abaixo, sua linda história.



A dor da espera.
Março de 2016.

A ansiedade foi tomando conta quando as pessoas começaram a perguntar demais, “cadê o Lucca?”, “e aí, nasceu?”, “como assim ainda não nasceu?”, “vc vai esperar?”, “estou muito preocupada com vc”, “e aí, algum sinal?”, “pelo amor de Deus me conta, vc tá em trabalho de parto?”. Já estava na semana 40 e não, o Lucca não tinha nascido e eu não estava em trabalho de parto. Apesar de saber que estava tudo bem comigo e o bebê, o medo e a insegurança começaram a surgir, enquanto a pressão externa só aumentava.
Era terça-feira quando tive consulta, minha médica estava acompanhando um parto naquele momento e mesmo assim foi me atender, graças a Deus! Eu quase em estado de desespero já fui logo perguntando o que aconteceria se eu não entrasse em trabalho de parto, ela dizia as possibilidades enquanto eu me preparava para o exame de toque. “fique tranquila Mônika, temos até 42 semanas para fazer qualquer tipo de tentativa. Se o Lucca ainda não veio, é porque vocês precisam desse tempo”.
E de repente “ele já está encaixadinho, o colo do útero está fininho e vc tem dilatação de 2 cm. Mônika, você é a próxima!”. Meu coração encheu, transbordou e explodiu de alegria. Não pude conter a emoção, logo gritei pro meu marido que aguardava ao lado “neném, já estou dilatando, não acredito!”. E a médica concluiu “agora vcs só precisam estar conectados, façam uma noite romântica em casa, te libero até uma taça de vinho. Lucca está a caminho!”.
Fomos embora eufóricos, muito felizes e esperançosos. Passamos pra tomar café numa padaria que tem um bolo de cenoura que a gente adora. As mensagens e ligações ansiosas pela chegada do Lucca não paravam, mas agora eu estava mais tranquila e ainda conseguia dar satisfação pras pessoas. Chegando em casa logo avisei a doula, e ela sempre muito sábia “vc ainda não está em TP, vamos aguardar”.
Eu desejava muito aquele parto, comecei a fazer caminhadas, exercitar na bola de pilates e fazer agachamento toda vez que sentia uma contração, as contrações de treinamento aumentaram e o tampão estava saindo aos poucos “está chegando!” Passou quarta, quinta, sexta. Eu ficava pesquisando na internet grávidas de 41 semanas mas não achava, os bebês das minhas amigas nasciam e até o aplicativo de gravidez do meu celular encerrou, pois terminava na semana 40. Tudo acontecia, e eu estava do mesmo jeito.
Precisei de muitas conversas com a doula, que o tempo todo me mostrava o quanto aquela espera era importante “mergulhe, vá até o fundo do poço, esse tempo está fazendo vc se tornar mãe”. E eu mergulhei, me revirei em cada sentimento antigo que ainda me fazia mal, em cada momento de solidão profunda.
Chegou mais um fim de semana. Era sábado e a ansiedade já tinha voltado. “será que o bebê desencaixou?”, “será que parei de dilatar?”, “o que tá acontecendo com meu corpo?”. Agora já eram 6 mensagens por dia à espera de Lucca e aquilo se tornara insuportável. À noite conversei muito com a minha cunhada, refleti como nunca e decidi enfim, me desligar das redes sociais e sair do whats up, conselho que meu marido me deu há muitos dias atrás. Que alívio! Um enorme alívio. Antes de dormir, a ficha caiu “não sou eu que estou esperando o Lucca, é ele que está me esperando”. Aquilo me veio como um clarão no céu, a porta se abriu. Chamei meu marido “neném, o Lucca está pronto, agora só falta a gente”. Ele arregalou os olhos. Fui dormir em estado de felicidade, sem contato externo. Coloquei minha playlist que havia preparado para o parto e deitei pra dormir. Agora era eu e o Lucca e nada mais podia me tirar daquele centro. Relaxei.
Domingo, 13 de março. 40 semanas e 6 dias. Passei o dia tranquila, sem interferências e sem esperança de data para o Lucca, mas sabia que a hora ia chegar. À noite compramos o vinho e nem precisamos de luz de velas, tudo fluiu e estávamos em mais sintonia do que nunca. Percebi que estava com contrações, e atrevi a marcar, elas vinham de 10 em 10 minutos, com uma dor leve no pé da barriga. Comentei com o marido, mas não demos muita importância com medo de nos frustramos de novo. Dormi. Às 4h da manhã acordei com uma cólica forte, fui no banheiro e escorreu líquido pelas pernas “neném, acho que a bolsa estourou um pouquinho”. As contrações começaram a vir uma atrás da outra. “Será que chegou a hora?”. Cada vez que vinha, o marido marcava o tempo “começou”, “mais uma”. Enquanto isso fui me preparar, quem sabe ia dar certo.. Me depilei, tirei a sobrancelha, escovei a franja, coloquei a roupa que havia separado para o TP. “estão de 2 em 2 minutos”.  “Então avisa a doula”. 


De repente a roupa começou a incomodar e ia me concentrando cada vez mais, “avisa a médica, tá doendo muito”. 5h30 a doula chegou. Começou a vontade de fazer força, fui ao banheiro “saiu um borrão de sangue, acho que é o tampão”. Ouvi a doula dizer “liga agora pra médica agora, ela está tendo contrações com puxo”. 6h10 a médica chegou, só lembro de ver ela na minha frente fazendo o exame, perguntei “como está?”, “dilatação total, precisamos ir para o hospital agora”. Percebi uma pequena correria “está nascendo”. A doula me vestiu a roupa e entramos no carro “segura um pouquinho até chegar lá”. Mas a vontade de fazer força só crescia. Eu não acreditava que estava vivendo aquilo, era muita alegria “obrigada Meu Deus, obrigada!!”. O trajeto virou aventura, e no hospital parecíamos crianças brincando de carrinho de corrida, queria rir mas não consegui. Chegamos na sala de parto “fique como quiser”, a partir daí eu não sentia mais dor, só vontade de fazer força. Estavam todos ao meu redor: marido, doula, médica, pediatra e auxiliar. Momento calmo, energia forte, confiança. Lembrei do meu pai “certeza que ele rezou muito por mim, estou sendo abençoada”. “Força Mônika, o Lucca está aí”, “vai neném, tá quase”. Pedi meu celular e eu mesma coloquei na playlist.

“pra vc guardei o amor                          

que sempre quis mostrar
o amor que vive em mim vem visitar
sorrir, vem colorir solar
vem esquentar
e permitir”

7h30, ele chegou ao som de Nando Reis, música que eu ouvia e chorava durante as caminhadas. 41 semanas, 3,225 kg, 49 cm.
Rápido, sem nenhuma intervenção, natural como eu queria, muito melhor do que eu planejei.
Foi surreal, divino, inexplicável, maravilhoso. “obrigada meu amor, obrigada por me esperar”.

Não tenho palavras para agradecer esse momento. Meu trabalho de parto começou na semana 40, sem dúvidas.
Toda a espera, os questionamentos, a reflexão e a entrega foram essenciais pra dar certo.

Daniel, tudo começou com você, com o seu incentivo e apoio do início ao fim, sua participação em cada curso, em cada consulta, nós parimos juntos e nos tornamos pais juntos.
Alessandra, sem você eu não conseguiria. As informações abriam minha cabeça e todo o seu apoio acalentaram meu coração, mas cada conversa intensa e reveladora que tivemos me fez chegar mais perto de ser mãe.
Silvia, não sei como agradecer você. A chave de tudo, a confiança, a serenidade. Você foi a peça fundamental para eu me tornar uma nova Mônika, agora muito melhor.
Pai, mãe, irmão e cunhada, o respeito de vcs em todo o meu processo, o apoio, a torcida, as orações, cada dia de espera, cada dia de paciência, me fizeram ter ainda mais certeza do amor da nossa família, sempre tão forte e tão unida. Muito obrigada, amo vocês.
Finalizo agradecendo a Deus, o maior de todos, que esteve presente em cada pensamento meu, em cada momento de fé e confiança inabalável que eu conquistei.




E nosso próximo grupo de Preparação para o Parto já tem data marcada, será dias 11 e 13 de abril. Vamos???


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